domingo, 2 de maio de 2010

Dica de Leitura

Neste melancólico fim de domingo, em que meu time conquistou mais um GreNal mas não levou o título, resta-me deixa uma dica de leitura. É mais fácil compreender uma dilema existencial de Camus, do que o ingresso de Kleber Pereira, e não Andrezinho, no segundo tempo do jogo... enfim... c'est la vie.
Em "O Estrangeiro" (baixe aqui), Mersault é um protagonista despido de emoções ou sentimentos. A orelha do livro, assinada por Arthur Dapieve, relata, com acerto, que se trata de uma autobiografia do homem do século XX.
O primeiro parágrafo do romance já indica os dramas existenciais a serem experimentados pelo protagonista -e, por que não, por seus leitores:
Hoje, a mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: "Sua mãe falecida: Enterro amanhã. Sentidos pêsames". Isto não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem.
O conflito vivido por Mersault estabelece-se a partir do momento em que mata um árabe e todo o processo que sucede o homicídio, até o julgamento, a análise é pautada pela conduta de Mersault frente aos fatos da vida.
A obra é de relevo para as discussões penais, na medida em que é extremamente comum a criminalização de determinados indivíduos, em razão do estrato social a que pertencem, ou em razão de uma forma de agir/pensar diferente daquela da "média" (leiam-se, aqui, certos conceitos de média, bom, belo, justo, como sendo aqueles assim definidos por uma classe pequena, detentora do poder, a que pertencem magistrados, legisladores, e outros empresários morais).
Mersault é estrangeiro não em razão de sua procedência, mas em razão de seu agir/pensar diferente daquele que se esperava para a sociedade da época. É por isto que foi julgado.
O romance, de fácil leitura instiga profundas discussões, e dele se originaram duas grandes músicas: "Killing an Arab", do The Cure (http://www.youtube.com/watch?v=BD1uGPkxQfA); e "Bohemian Rhapsody", do Queen(http://www.youtube.com/watch?v=2omuoO_hIbQ).

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